10.2.07

Um filme sem chão


Esqueci que eu deveria escrever alguns textos curtos de vez em quando. Pra não criar expectativas de que eu vá escrever longos contos todos os dias.
Saio agora de um filme, como sempre. Me senti desconfortável com a história, pois não se definia. As cenas de suspense eram subitamente interrompidas por lances de comédia, com piadas que culminavam em cenas de suspense. A idéia central nunca era definida. Era uma crítica às drogas e ao totalitarismo do governo norte-americano, mas também falava de múltiplas identidades, ou não falava de nada. Era como a descrição de um lugar-nenhum e eu não sabia como me portar perante o lugar nenhum.
Meu saco de juízos de valor parecia estar bagunçado. As pessoas em geral vêem nos dramas a possibilidade de exibirem suas posturas morais, como manequins da religião na vitrine da existência. Eu já não tinha mais postura. Eu poderia dizer o profano ou gritar o sagrado, jamais perceberia a diferença. Procurava a poltrona confortável da moral mas tropeçava a cada passo no chão duro e frio do filme. Talvez, nem chão.
Senti-me enjoado e saí sem falar nada.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Meu caro,

A Pálpebra está lincada em meu blog.

abcs

13 fevereiro, 2007  

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